segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Por que gritamos...?

Foto: Raphael Ceciliano.

Não sei se fazemos apenas histórias ou se deixamos o mundo ao dará de glórias sem nenhuma oratória que defenda nossa grandiosa memória... Somos homens de vanglórias produzidas e instituídas de modo que muitas vezes jamais possamos retribuí-las... Mas diante de tudo que nos conduza ao prefácio da vida sem hora ou demora, caímos nas armadilhas de um tempo por tantas vezes sem nenhuma vitória... O pobre homem já sem dor por tanta prosa nessa terra de promissórias não recai, se debate e se penhora ora pela distância de tudo que poderia salvar a sua moratória, ora pela própria incompetência e descaso por tudo aquilo que salvaria a sua própria história através de atos e sem omissões da verdadeira mão que escreve a nossa história... Diante de tudo o que explode o homem, em suas emoções e sem limites de incessantes sensações, segue-se a inapetência do desesperado corpo em seus percalços e com pés já descalçados do alicerce perdido... Mostra-se o homem, assim, pouco instigado a levantar e seguir o seu caminho... Mostra-se o homem desesperado pelo pouco espaço que parece a ele ter sido reservado... Pulsante se torna pelo coração que agoniza e ironiza uma vida tão pouco compreendida... Do irado desespero e do delirante grito reprimido ouço o homem tão combatido e abatido, que deixa para trás uma memória cuja glória possa não ser os traços da própria história...


Curitiba, 13 de outubro de 2014.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Fracos que somos...

Diante daqueles que agonizam pela vida...,

lutam por cada minuto que respiram...

e sobrevivem ao lado da incerteza da vida nos próximos poucos segundos...

Há o homem pouco lúcido, estúpido e esculpido sob a armadura de impetulâncias que o cerca...

Jamais existirá vida sem vontade de viver...

Não haverá vontade se não houver amor próprio e ao próximo...

Nos enganamos se nos achamos fortes...

Não somos nada... Absolutamente nada...

E verdadeiramente fortes são os nascem a cada centésimo de segundo...

Fortes são os que renascem a cada novo dia e a frente da morte que os assombra...


Curitiba, 11 de setembro de 2014...

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Na leveza do sono de nossas asas...

Se roxo...

um rouxinol,

junto subirá o sol...


Num pequeno rancho...

e lá pertinho do rol...,

sob o lençol,

quase próximo ao paiol...,

e sem nenhum mau,

me arranjo...

e durmo ao lado de um anjo...

sob a luz do nosso sol...


Curitiba, 26 de maio de 2014...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Ahhh, as nossas sapatilhas... Texto II



Não há motivos que expliquem o que sentimos... Não há quem nos compreenda senão alguém que se submeta as nossas loucuras também...  Não há quem aceite nossos passos cansados, senão aqueles que os seguem e que se cansam também...

O suor que escorrer por nossa face nos faz brilhar junto ao precioso verde da mata, o qual se reflete na clara água dos rios que por vezes estão barrentos depois das nossas marcas ali deixadas...

Tão fofa quanto à areia que pisamos é a lama na qual sempre nos atolamos...  

Nosso combustível é o desafio... Nossa saturação é a fadiga muscular... E nossa recompensa, a linha de chegada com os braços abertos, o corpo dolorido e a alma tranquila...

Se choramos ou se nos alegramos, nunca será possível dizer... O corpo não responde separadamente a um coração explosivo através do qual emana uma mistura de prazer, de desgaste, de felicidade e de missão cumprida.


Curitiba, 21 de maio de 2014...

terça-feira, 8 de abril de 2014

“Só sei que nada sei...”

São tantas as coisas a serem aprendidas, que sei que ainda vou morrer na ignorância...

Se sobre o homem e suas guerras intrapessoais...

Ou, se sobre a tal vida da qual fazemos parte...

Não sei se sou capaz de afirmar o que acho que sei, mas que na verdade está tudo errado...

É muito mais fácil o errado do que o certo...

É mais fácil pecar do que amar... Ou, ainda mais fácil ser enganado do que amado...

É muito mais simples seguir o caminho torto e cheio de atrativos...

É menos interessante e aparentemente menos “vivencioso” seguir a linha reta das coisas...

Imagino que talvez estejamos todos errados em pensar que o certo seja o de fato certo...

Não aprendemos com o que fazemos “certo”... Aprendemos com o que fazemos de aparentemente “errado”...

A vida parece estar presa ao errado...

A experiência, não necessariamente ligada ao errado, parece estar mais próxima daquilo que possa ser julgado o certo...

Mas no final, nos damos por contentes por estarmos errados...

Talvez isso tudo seja invertido... O meu certo é o seu errado... E seu errado o meu certo...

Por isso acho que não sabemos de nada sobre absolutamente nada...

Vamos indo não sei por onde e nem para onde... E assim, parece que vamos vivendo...

Pode ser que só apenas achamos que estamos aprendendo, quando na verdade quanto mais o vento bate mais difícil se torna continuar procurando o que nem sabemos se vamos encontrar, se chegarmos a algum lugar onde certamente tudo o que achamos que aprendemos de nada nos servirá...


Curitiba, 08 de abril de 2014.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Falsos ouros...

Me desculpe..., se você desconhece a realidade que está envolta desse seu mundinho imundo...

Me desculpe..., se você vive sobre asas de ouro enquanto tem gente que morre de frio...

O inverno está próximo e a notícia de desabrigados morrendo congelados passará a fazer parte do noticiário..., mas como você vive inundado de plumas e muito ocupado com a sua fétida vida social nem saberá de nadinha disso...

Me desculpe..., se você é tão cego pelo mundo das falsas jóias humanas que muitas vezes de humano nada possuem...

Me desculpe..., se você se ilude com a riqueza alheia e com a sua própria incapacidade de valorizar os verdadeiros valores do homem...

Você que anda no shopping, que entra no carro e sai do carro somente no estacionamento ou na garagem de casa, que não sabe o que é uma linha de ônibus... Me desculpe..., mas você também não sabe que existem pessoas analfabetas que moram bem pertinho da sua casa..., ou mesmo que a senhora, que você chama de empregada e que limpa a sua sujeira, está entre os muitos que não tiveram educação que preste nesse país e que ela pede ajuda para ler o nome do ônibus que está chegando no ponto de embarque dos passageiros...

Me desculpe..., você que acha ridículo o cara  lá, seu amigo, que não tem um rolex ou qualquer outra porcaria desse tipo...

Foi mal aí, se a sua estupidez social ficou abalada!

Olhe para os lados, senhor cidadão... O mundo não é só floreios e interesses sociais promíscuos.

O homem ainda tem sede e fome nesse mundo... Um mundo cada vez mais sujo pela exclusão, que se alastra de forma cada vez mais intensa pela imensidão dos muitos homens pobres e pisados ou esquecidos pelos tão poucos homens falsamente ricos...

Existe um “submundo”  por trás dessa falsa sociedade que vivemos e iludida por porcas jóias... Um “submundo” despido do capitalismo e dos berços de ouros... Onde ainda se anda de ônibus, não existe shopping, se joga bola descalço na rua em frente ao bar cheio de cachaceiros, dos quais um deles é procurado pela polícia e outro vai chegar em casa, bater no filhos e agredir a esposa até ela morrer...

Ah! Mas me desculpe... Pois você nem se preocupa com isso..., porque isso não existe e não tem nada a ver com você...

Às vezes, não sei se esse “submundo” não seria nosso verdadeiro mundo...


Curitiba, 01 de abril de 2014...

terça-feira, 25 de março de 2014

Caímos na rede...

Foto: Raphael Ceciliano.

Perceba que para a vida, já não parece mais existir a tal da privacidade em alguns sentidos... Às vezes, porque nós mesmos nos permitimos essa perda... Ou, porque hoje as fofocas não se restringem apenas às bocas das vizinhas e de algum desocupado... Proporcionamos a liberdade aos outros de falarem da nossa vida... 

Poiseh... Agora se a gente não cuida é assim mesmo...

Cadê as conversas no banco da praça, os cuidados com os vizinhos na janela...? Até os vôzinhos estão conectados... E de fato, dessa forma tudo é mais rápido... Mas a grande falha de tudo isso, por mais que falamos aqui na exposição da vida de muitos que assim se permitem pela rede, é que estamos esquecendo do que é conversar com alguém de uma maneira mais simples...

Me parece que agora temos duas vidas... A vida repleta de possíveis mentiras que podem ser mostradas na rede social e a vida, que deveria ser real, que está sendo esquecida diante da facilidade de se viver a alegria dos outros e mostrar ao mundo apenas a parte boa do que vivemos...

Mas sabemos que o mundo vive muito mais do que isso... Sabemos que mentimos, que sofremos, que choramos por coisas bastante tristes e não apenas de alegria... E sabemos que não somos eternos... Nem nossa beleza e nem nosso cérebro...

Me diga o motivo que distingue, você ser comovente com uma foto de uma criança doente e abandonada ou com  a imagem de um casal em cerimônia de união, da realidade de uma criança encontrada sofrendo aos seus pés ou de um casório em tempo real...? Me diga que não existem diferenças no que sentimos, no que opinamos ou entre o que somos capazes de fazer diante dessas situações... Se apenas fazer comentários com belas palavras ou agir de forma clandestina...?

Me parece ser mais importante se expor ao ridículo de tudo o que possa ser mentido, e não mais deixar de ser reconhecido pelo bem feito sem necessidade de um falso reconhecimento. Entende o que eu digo...?

Alguma coisa não esta certa... Quando eu era pequena, o que não faz muito tempo, eu subia na janela do meu quarto para chamar a minha amiga, que era minha vizinha, para brincar. Dae a gente pulava muro e se divertia... E depois ouvia as nossas mães brigando com a gente porque era perigoso ficar pulando muro...

Agora o moleque passa uma mensagem para o amigo virtual e os dois começam a jogar on line, sem nem se mexerem do lugar onde estão...

Alguma coisa não está certa... As vizinhas não saem mais na rua para conversar e falar umas das vidas das outras... Hehehe!!!

Agora vão para a rede e bisbilhotam tudo o que é excessivamente exposto e depois comentam no chat...

Alguma coisa não está certa...


Curitiba, 25 de março de 2014...