Me desculpe..., se você
desconhece a realidade que está envolta desse seu mundinho imundo...
Me desculpe..., se você vive
sobre asas de ouro enquanto tem gente que morre de frio...
O inverno está próximo e a
notícia de desabrigados morrendo congelados passará a fazer parte do
noticiário..., mas como você vive inundado de plumas e muito ocupado com a sua
fétida vida social nem saberá de nadinha disso...
Me desculpe..., se você é tão
cego pelo mundo das falsas jóias humanas que muitas vezes de humano nada
possuem...
Me desculpe..., se você se ilude
com a riqueza alheia e com a sua própria incapacidade de valorizar os
verdadeiros valores do homem...
Você que anda no shopping, que
entra no carro e sai do carro somente no estacionamento ou na garagem de casa,
que não sabe o que é uma linha de ônibus... Me desculpe..., mas você também não
sabe que existem pessoas analfabetas que moram bem pertinho da sua casa..., ou
mesmo que a senhora, que você chama de empregada e que limpa a sua sujeira,
está entre os muitos que não tiveram educação que preste nesse país e que ela
pede ajuda para ler o nome do ônibus que está chegando no ponto de embarque dos
passageiros...
Me desculpe..., você que acha
ridículo o cara lá, seu amigo, que não
tem um rolex ou qualquer outra porcaria desse tipo...
Foi mal aí, se a sua estupidez
social ficou abalada!
Olhe para os lados, senhor
cidadão... O mundo não é só floreios e interesses sociais promíscuos.
O homem ainda tem sede e fome
nesse mundo... Um mundo cada vez mais sujo pela exclusão, que se alastra de
forma cada vez mais intensa pela imensidão dos muitos homens pobres e pisados
ou esquecidos pelos tão poucos homens falsamente ricos...
Existe um “submundo” por trás dessa falsa sociedade que vivemos e
iludida por porcas jóias... Um “submundo” despido do capitalismo e dos berços
de ouros... Onde ainda se anda de ônibus, não existe shopping, se joga bola
descalço na rua em frente ao bar cheio de cachaceiros, dos quais um deles é
procurado pela polícia e outro vai chegar em casa, bater no filhos e agredir a esposa até ela morrer...
Ah! Mas me desculpe... Pois você nem
se preocupa com isso..., porque isso não existe e não tem nada a ver com você...
Às vezes, não sei se esse “submundo”
não seria nosso verdadeiro mundo...
Curitiba, 01 de abril de 2014...
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