terça-feira, 25 de março de 2014

Caímos na rede...

Foto: Raphael Ceciliano.

Perceba que para a vida, já não parece mais existir a tal da privacidade em alguns sentidos... Às vezes, porque nós mesmos nos permitimos essa perda... Ou, porque hoje as fofocas não se restringem apenas às bocas das vizinhas e de algum desocupado... Proporcionamos a liberdade aos outros de falarem da nossa vida... 

Poiseh... Agora se a gente não cuida é assim mesmo...

Cadê as conversas no banco da praça, os cuidados com os vizinhos na janela...? Até os vôzinhos estão conectados... E de fato, dessa forma tudo é mais rápido... Mas a grande falha de tudo isso, por mais que falamos aqui na exposição da vida de muitos que assim se permitem pela rede, é que estamos esquecendo do que é conversar com alguém de uma maneira mais simples...

Me parece que agora temos duas vidas... A vida repleta de possíveis mentiras que podem ser mostradas na rede social e a vida, que deveria ser real, que está sendo esquecida diante da facilidade de se viver a alegria dos outros e mostrar ao mundo apenas a parte boa do que vivemos...

Mas sabemos que o mundo vive muito mais do que isso... Sabemos que mentimos, que sofremos, que choramos por coisas bastante tristes e não apenas de alegria... E sabemos que não somos eternos... Nem nossa beleza e nem nosso cérebro...

Me diga o motivo que distingue, você ser comovente com uma foto de uma criança doente e abandonada ou com  a imagem de um casal em cerimônia de união, da realidade de uma criança encontrada sofrendo aos seus pés ou de um casório em tempo real...? Me diga que não existem diferenças no que sentimos, no que opinamos ou entre o que somos capazes de fazer diante dessas situações... Se apenas fazer comentários com belas palavras ou agir de forma clandestina...?

Me parece ser mais importante se expor ao ridículo de tudo o que possa ser mentido, e não mais deixar de ser reconhecido pelo bem feito sem necessidade de um falso reconhecimento. Entende o que eu digo...?

Alguma coisa não esta certa... Quando eu era pequena, o que não faz muito tempo, eu subia na janela do meu quarto para chamar a minha amiga, que era minha vizinha, para brincar. Dae a gente pulava muro e se divertia... E depois ouvia as nossas mães brigando com a gente porque era perigoso ficar pulando muro...

Agora o moleque passa uma mensagem para o amigo virtual e os dois começam a jogar on line, sem nem se mexerem do lugar onde estão...

Alguma coisa não está certa... As vizinhas não saem mais na rua para conversar e falar umas das vidas das outras... Hehehe!!!

Agora vão para a rede e bisbilhotam tudo o que é excessivamente exposto e depois comentam no chat...

Alguma coisa não está certa...


Curitiba, 25 de março de 2014...

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