Quando a saudade aperta, sufoca o
coração, asfixia suas válvulas e gangrena seu puro sangue... Como em uma imagem
estática, imobiliza-se... A bomba torna-se inútil e incapaz de suprir um corpo
com sangue quente, para sanar um sentimento, às vezes friamente consentido e
indesejoso..., às vezes um sacrifício indigestamente necessário...
Ao mesmo tempo, na ausência do ar
que contêm o cheiro das doces lembranças, o pulmão colapsa e seus alvéolos
explodem espalhando pelo corpo em sofrimento, o odor da tristeza e da
solidão...
O cérebro..., sem sangue ou
oxigenação..., permanece com a memória da saudade reprimida..., na beleza e na
grandeza que definem a figura focada, desejada ou amada... Inconscientemente,
luta bravamente pela sua sobrevivência mesmo sem vida...
Na brava disputa entre a saudade
e o tempo..., a saudade provoca feridas tão profundas quanto uma arma, é
sentida tanto quanto um tiro no peito, é desgastante mais que a busca por um
caminho longe de sofrimentos... O tempo é a contagem regressiva para o alívio
da dor..., mas em seu decaimento passa como navalha através de tantos
sentimentos...
A pele que ainda encapa o corpo
encharcado pela carne em decomposição, se esfarela na “secura” pela ausência de
uma alegria ou capacidade de superação... Através de seus poros, os resquícios
de vida vagam melancolicamente até uma nova encarnação...
ps. aqui, apenas uma das várias
interpretações dada a saudade tão intensamente sentida... talvez no modo mais
escuro que a ela pode ser competido... tudo depende dos olhos e seus sentidos...
Curitiba, 12 de agosto de 2012...
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