quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Inspirações absorvidas...

Quando a saudade aperta, sufoca o coração, asfixia suas válvulas e gangrena seu puro sangue... Como em uma imagem estática, imobiliza-se... A bomba torna-se inútil e incapaz de suprir um corpo com sangue quente, para sanar um sentimento, às vezes friamente consentido e indesejoso..., às vezes um sacrifício indigestamente necessário... 
Ao mesmo tempo, na ausência do ar que contêm o cheiro das doces lembranças, o pulmão colapsa e seus alvéolos explodem espalhando pelo corpo em sofrimento, o odor da tristeza e da solidão...
O cérebro..., sem sangue ou oxigenação..., permanece com a memória da saudade reprimida..., na beleza e na grandeza que definem a figura focada, desejada ou amada... Inconscientemente, luta bravamente pela sua sobrevivência mesmo sem vida...
Na brava disputa entre a saudade e o tempo..., a saudade provoca feridas tão profundas quanto uma arma, é sentida tanto quanto um tiro no peito, é desgastante mais que a busca por um caminho longe de sofrimentos... O tempo é a contagem regressiva para o alívio da dor..., mas em seu decaimento passa como navalha através de tantos sentimentos...
A pele que ainda encapa o corpo encharcado pela carne em decomposição, se esfarela na “secura” pela ausência de uma alegria ou capacidade de superação... Através de seus poros, os resquícios de vida vagam melancolicamente até uma nova encarnação...


ps. aqui, apenas uma das várias interpretações dada a saudade tão intensamente sentida... talvez no modo mais escuro que a ela pode ser competido... tudo depende dos olhos e seus sentidos...


Curitiba, 12 de agosto de 2012...

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