segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Confuso fluxo da saudade...

Quando você percebe, os olhos já não estão mais cheios de lágrimas apenas... Lacrimejam incessantemente como gotas de orvalho amargo pelas curvas de um rosto entristecido..., cuja figura se modifica por uma metamorfose provocada em função da saudade, em função da tristeza, em função da solidão e pela necessidade insana de tentar alinhar a perda e a vontade de continuar...
Muitas vezes, é possível enxergar em um olhar, a saudade e o aperto por ela provocados, em uma pessoa cujo infinito carinho se estende a plenitude da vida... De um lado, avós doces e queridos que se foram, hoje cuidam e protegem não mais com suas próprias mãos, mas com sua áurea acima dos filhos amados... Um filho levado pela arrogância da vida, pela sedução ao descaso... Pessoas amadas e que foram para o céu viver como anjos que nos guiam pelas lembranças de seus atos... Na outra face, a saudade apertada que não se consola pela realidade dos sentimentos aquietados, emudecidos e ensurdecidos diante da falta que fazem amores congelados... O homem desejado ou a mulher almejada, trancafiados numa história inacabada e incapaz de se permitir ao novo...
Enfurecidos e tristonhos nos tornamos, quando somos feridos pela saudade dos que se foram e a presença viva e perdida transformou-se em doces lembranças do companheirismo de um amigo, de um conselho dos sábios e experientes, de um amor eternizado pela elevação à morte... Saudade de um amor esquecido... Saudade das crianças que alegram cada segundo através de um sorriso, arrancado da simplicidade de ser inocente e ainda capaz de abraçar e beijar o próximo sem ter vergonha ou preconceito... Valores que não deveriam ser perdidos e que certamente diferenciam uma convivência de amizade, de confidencialidade e de estrutura pessoal... Uma estrutura que se mantida, nos capacita a deixar o desejo da desistência, a qual é precedida pela fraqueza diante da falta de vontade de viver...
Incrivelmente a saudade assola o homem com uma simples imagem impressa, com uma história de um filme editado em lembranças, com um lugar comum... Ou mesmo pelo mais sereno desconforto provocado pela falta que nos faz...
Busca-se o amadurecimento, sob o desconsolo da saudade e da dor provocada por tantas lembranças... Egoísmo humano querer que o belo e a felicidade caminhem ao nosso lado para sempre... O belo de hoje pode fortificar o ódio futuro e afundar o que nos torna feliz na imensidade da solidão infinita... A saudade arrenda o espírito..., por isso se torna tão difícil encontrar a lucidez para superá-la...


Curitiba, 05 de agosto de 2013...

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