Desculpa. Palavra difícil de sair
de dentro da gente, não é...? Sua pronúncia exige, muitas vezes, que orgulhos
sejam engolidos e esquecidos, que mágoas sejam sobrepujadas pela sabedoria que
discerne o homem do seu instinto egoísta. O aprendizado de sua pronúncia e
significado se inicia desde o primeiro erro cometido, desde a primeira falha
reconhecida... E sua prática acomete a maturidade de uma mente, a qual é
dependente, em muitos e muitos, de experiências prévias e de um conhecimento de
mundo e da aceitação das diferenças humanas, sejam elas quanto a conceitos,
quanto a princípios ou mesmo, quanto ao simples auto-conhecimento. Talvez,
falar em auto-conhecimento possa parecer um pouco confuso, mas se pensarmos que
nossas atitudes são ações que nos levam a usufruir tanto de um poder de
destruição quanto de construção, nos conhecermos em nossos limites e termos a
sobriedade de encarar os riscos que nos podem ser impostos, nos ajuda a nos
prepararmos para encarar os resvalos e consertar, ou ao menos tentar, aqueles
que foram feridos pelos nossos pés descalços e nossas unhas e línguas afiadas.
Pés insanos que passam esmagadoramente à frente do outro homem, seja pelo
interesse, pelo ódio, pela cobiça, pela ira ou pela inveja. Unhas afiadas, que
atacam a alma e ferem a destreza que compete ao próprio homem em lidar com a
fúria de quem está ao seu lado... Línguas, tão laminadas como as velhas
guilhotinas, são capazes de denegrir uma imagem, assolar um homem e humilhar um
homem em seus sentimentos... Aqui, me refiro aos mais diversos modos de
exibição de qualquer sentimento, como amor, auto-estima, auto-confiança, auto-controle
e por aí vai até o próprio exibicionismo (não em sentido pejorativo que possa
remeter a palavra) que possa proporcionar a seu executor a fim de elevar todo e
qualquer sentido, que o faça sentir-se melhor e confiante. Não estar livre de
cometer erros e deslizes, por mais árduo que seja, é o ensinamento do qual
precisamos para crescermos, para continuar aprendendo... E sempre que nos for
permitido, sermos capazes de ensinar uma criança, um filho, um irmão de sangue,
a se retirar para reflexões sobre seus atos errôneos e que o postem diante do
reconhecimento da importância da palavra Desculpa.
Curitiba, 15 de dezembro de 2012...
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