Um dia meu pai me perguntou: “O
que você quer ser quando crescer?”. Sem delongas, eu respondi que queria ser
piloto de fórmula 1. Meu pai deu risada, mas aceitou minha ingênua opção. Na
época eu deveria ter uns 4 anos de idade. Aí assim, quando eu estava no segundo
ano do colégio, a pergunta se repetiu... Bom, agora eu tinha uns 16 anos e
minha vida consistia em estudar, jogar bola, ficar na internet e “namorar”...
Dessa vez, eu não tinha uma resposta na ponta da língua, mas para que meu pai
não prolongasse a conversa a um sermão, disse a ele que gostaria de ser
engenheiro, médico ou quem sabe advogado... “Pai, com todo respeito, tenho
habilidades em consertar e projetar coisas, mas também gosto de zelar pela
saúde e bom estado das pessoas, o que me faz seguir a legalidade das ações que
pratico.” Meu pai apenas disse que estava satisfeito, por eu ainda ter algum
tempo para me decidir sobre a carreira a seguir... Cheguei ao último ano do
colégio, todo faceiro, ganhei meu primeiro carro, não tinha namorada (ufaaa...)
e saía todos os finais de semana... Estudar que é bom, nada... As apostilas do
cursinho estavam mais brancas que minha borracha... Em casa, a confusão era
constante... O pai já sabia que eu não estava nem um pouco preocupado com a
faculdade, que deveria vir no próximo ano. E minha mãe..., bom...,
completamente desolada com o filho que eu era... Em uma dessas saídas, bebi
muito além do que deveria... Passei da conta mesmo. Acordei no outro dia, na
casa de uma menina que eu nem conhecia. Rapidamente, arrumei minhas coisas e
fui embora... A menina sumiu... Até que um dia recebo uma ligação. A voz era
desconhecida, mas a mulher logo se identificou. Era a mãe da menina, a qual
havia voltado para a casa dos pais após a confirmação de uma gravidez...
Advinha quem era o pai...? Poiseh... Resumindo parte da história, naquele ano a
faculdade ficou para trás, fui trabalhar na empresa do meu pai como “boy” para
tentar sustentar a criança que nasceu prematura e a mãe faleceu logo após o
parto... Consegui a guarda da criança, precisei ser mãe e pai do menino e
restringi minha vida ao cuidado do bebê... Em um menos de um ano, passei de
playboyzinho metido (era realmente o que eu era) à homem e pai... Hoje, meu
filho tem 6 anos, estou noivo e tento ingressar na carreira acadêmica... Estou
na metade do meu mestrado em engenharia e procuro ensinar ao meu filho, os
valores da vida, os possíveis “desvalores” do dinheiro e a importância em
conceituar como objetivos de vida o companheirismo, o amor e a amizade...
Curitiba, 09 de novembro de 2012...
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