Quando sozinho, o homem se
desgasta, se consome, impede a vivência solidária, esquece que o mundo que nos
vigia condena a solidão ao repleto desapego e desajuste da vida. Num ambiente
que facilita uma descarga de amizades e inimizades, torna-se cada vez mais
escasso o acesso ao companheirismo e a boa conversa. Eternizam-se as promessas
jamais alcançadas e consumam-se fatos e saídas descompromissadas, das quais se
levam apenas lembranças que quando boas estimulam o homem ao bem-estar próprio,
quando decepcionantes ou sem maior valor corroem ainda mais a solidão que
avassala o homem emudecido.
Diante de perguntas sem respostas,
correm pensamentos aleatórios, sem foco ou destino conclusivo. Isso leva o
homem a afundar no próprio mundo construído em uma mente vasta que perturbada
tenta entender o sofrimento, o descaso, a solidão emanada pelo isolamento
social ou às vezes pelo afastamento das relações humanas por puro medo de abismar
numa área sem fundo ou num caso sem fim. Incansavelmente, frustrações levam o
homem ao desespero, ao medo e a agonia. Ao desespero alimentado pela incerteza
de que fins catastróficos iniciam uma aparente mudança, marcada pelo medo do
novo. Um medo que caminha lado a lado das dúvidas, das mágoas escondidas e
sofridamente disfarçadas. Do medo e do desespero resulta a agonia, que assobia sob
os ouvidos amedrontando qualquer força que possa ser suplementada pela energia,
forçadamente tentada a ser resgatada, do poço em que a harmonia e a alegria se
escondem.
A tristeza de um homem,
aparentemente marcado ao perpétuo enclausuramento, sufoca a vida não vivida,
comprime o sentimentalismo exacerbado que não pode ser esbanjado, rejeita a
concessão da oportunidade cedida, sem piedade alguma da vida humana cada vez mais
perdida.
Curitiba, 15 de novembro de 2012...
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