segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Devaneios de um solitário...

Quando sozinho, o homem se desgasta, se consome, impede a vivência solidária, esquece que o mundo que nos vigia condena a solidão ao repleto desapego e desajuste da vida. Num ambiente que facilita uma descarga de amizades e inimizades, torna-se cada vez mais escasso o acesso ao companheirismo e a boa conversa. Eternizam-se as promessas jamais alcançadas e consumam-se fatos e saídas descompromissadas, das quais se levam apenas lembranças que quando boas estimulam o homem ao bem-estar próprio, quando decepcionantes ou sem maior valor corroem ainda mais a solidão que avassala o homem emudecido.
Diante de perguntas sem respostas, correm pensamentos aleatórios, sem foco ou destino conclusivo. Isso leva o homem a afundar no próprio mundo construído em uma mente vasta que perturbada tenta entender o sofrimento, o descaso, a solidão emanada pelo isolamento social ou às vezes pelo afastamento das relações humanas por puro medo de abismar numa área sem fundo ou num caso sem fim. Incansavelmente, frustrações levam o homem ao desespero, ao medo e a agonia. Ao desespero alimentado pela incerteza de que fins catastróficos iniciam uma aparente mudança, marcada pelo medo do novo. Um medo que caminha lado a lado das dúvidas, das mágoas escondidas e sofridamente disfarçadas. Do medo e do desespero resulta a agonia, que assobia sob os ouvidos amedrontando qualquer força que possa ser suplementada pela energia, forçadamente tentada a ser resgatada, do poço em que a harmonia e a alegria se escondem.
A tristeza de um homem, aparentemente marcado ao perpétuo enclausuramento, sufoca a vida não vivida, comprime o sentimentalismo exacerbado que não pode ser esbanjado, rejeita a concessão da oportunidade cedida, sem piedade alguma da vida humana cada vez mais perdida.


Curitiba, 15 de novembro de 2012...

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